CIRCO KITSCH
por Peter Krause
 
 
Meu lead. O que: não é resenha de disco do Fito Paez, muito menos do Luis Miguel, é o vestibular de inverno. Quem: eu. Como: através da técnica de observação participante. Quando: dia 18 e o período entre 25 e 28 de Julho deste ano. Onde: na própria universidade, estando o foco de atenção desta matéria o nas proximidades da Faculdade dos Meios de Comunicação Social. Por que? Pra que o Gerbase pare de reclamar que o NÃO tá virando uma revista literária.

Não é, nem deve ser, do hábito dos nossos leitautores freqüentarem vestibulares e se, assim como eu, não participam de um há, pelo menos três/quatro anos. Recapitulando então, era uma mar de gente vagando, em busca de um ou outro professor de cursinho ( seus grande heróis ( e/ou procurando do prédio certo pra fazer a prova, nervosos e roendo lápis.

O que não mudou. É um mar de gente vagando em busca de um ou outro professor de cursinho ( ainda os grandes heróis ( e/ou procurando o prédio certo pra fazer a prova, nervosos e roendo lápis.

O que mudou. Surgiram ilhas flutuantes em forma de balões, bolas infláveis com o nome das escolinhas de ensinar chute, todas lá, Mauá, Universitário, Energia, Unificado, e outras tantas mais ou menos obscuras. Afinal de contas todos sabem que é impossível ser arovado no vestibular sem passar uma temporada sob a bênção destas intituições pináculos da cultura. Basta ver que grandes formadores de opinião já ensinaram neles, como o Clóvis Duarte, por exemplo. An-hã, vai nessa. Na praça em frente à famecos, foi posto um iglu inflável cinza e laranja para, com o objetivo de, com a finalidade de, bem, sei lá, cobinar com a cor púrpura cansado do prédio e fazer tudo ficar ainda de mais mau gosto. As rádios dispensaram a tradicional concepção de cobertura por um combate de espaço físico e virtual com a aglomeração de unidades móveis com caixas de som preenchendo o local com mais poluição e formando praias onde ondas de vestibulandos desejosos de prêmios estouram a responder perguntas feitas no ar. O grande lucro de toda parafernália fica sendo da lancheria do prédio 7 que tem seu movimento favorecido pela concentração de desesperados de meio dia.

O circo está armado, cada idiota a procura de seu palhaço preferido e todos platéia e atores na arena dos choros desnecessários e das mentiras veladas, dos suspiros vãos. Cada qual migrando para uma das ilhas do semestre anterior, onde quando aqui é inverno, lá é verão e vice-versa, contando seus acertos e erros a fim de calcular estatisticamente se passariam no concurso passado. Tudo muito colorido, muito barulhento, muito pouco sério como se a prova em si fosse secundária. O que de fato fazem parecer ser o caso. Afinal de contas passado o vestibular, o sujeito nunca mais precisará estudar de novo. An-hã, vai nessa.