O Pé de Suzana Alves

 

Bela Figueiredo

 

Já que o método utilizado é a ausência do mesmo, prefiro ser digital, analógica e (pasmem budistas de plantão) nada ecológica. Se ele é um homem de leite e frutas, sou de carne sangrenta e muita, muita, mas muita cerveja! Não importa se impressa a jato de tinta ou escrita à mão desde que fragmentada, composta por pensamentos picados e amando não ter a letra bem feita oriunda dos mosteiros, mas a escrita nervosa dos romanos. E mesmo assim, se o calcanhar da Tiazinha é o que ela tem de mais interessante e se esse pedaço da Suzana Alves desancou Isaac Newton, só a ausência da metodologia é a razão de fazer. À mão, à máquina, no computador, o que for!, mas fazer apenas e tão somente por prazer, do jeito que for. Por fluxo de pensamento, jamais utilizando a analogia dos fatos em detrimento do todo. E então, ler, reler, três, cinco mil vezes Joyce, agarrar na mão dele e nunca! (eu disse nunca!) ser mecanicista. Única no modo de preparo porque não vou seguir a receita de duas colheres de sopa de manteiga para três xícaras de farinha, já que não almejo ser aceita onde quer que dê as caras. O lance é viver como o Alexandre - o menino-precipício - kitsch e brega, falcão e andorinha, que solta sua risada escrachada, debochando das tendências de mercado, que já tá mais pra quitanda de beira de estrada do que qualquer outra coisa.

E a tendência é:

Ser lisa, alta, magra e bundona (ela não só tem um bundão como é uma bundona). Prefiro não ser fashion, então.

Analisando parcamente: o mercado da comunicação prima por utilizar, em seu método filha de uma puta, moças rebolativas, máquinas frenéticas de estica-e-puxa-mão-no-joelho-e-abaixadinha e uuuuuuuuuuuuhhhh Tiazinha!!!, que nos açoita com seu chicote e faz acinte, gargalha por detrás de sua máscara nada vienense. Big close no traseiro da Bat Girl tupiniquim e ali não precisa tapar, não. Deixa assim... E mais que isso: há vida inteligente em São Paulo dizendo com t-o-d-a-s as letras que os calcanhares de alabastro da Tiazinha o perseguem, mesmo porque o calcanhar dela, segundo essa pessoa jornalista, "derrotou ela própria, o Isaac Newton e todas as mulheres". Moral da estória: não há método nenhum mesmo, do que se depreende que a ausência dele (do método) é a razão de fazer o que for. Agir por agir. Viver por viver. E quando trocarmos a causa pelo efeito ou quando designarmos uma coisa com o nome de outra - o autor em lugar da obra, o teto em vez da casa - estaremos falando do calcanhar e não da Tiazinha. Do fluxo e não do método. Estaremos falando por metonímia. E o que sobrar disso será apenas máscara, chicote e espartilho porque o calcanhar já vai estar rachado.