NÃO EXISTE ALMOÇO GRÁTIS III - ARQUIVOS X
 

Por Eduardo Nasi
22 de Julho, 19:10
 

"Não vou entregar a minha casa para revolucionários sem lutar"
(Um coadjuvante chinfrim em um episódio de Arquivo X que passou um dia desses)
 
 
Nasi. Eduardo Nasi. Mas podem me chamar de Paranóico. Ou de ignorante. Aceito os dois numa boa e com um largo sorriso nos beiços. Nasi. Eduardo Nasi. Com nervos de aço como o James Bond e coração gelado como o da Bruxa Má da Branca de Neve. Mas não vou ser humanista! Me recuso. Não quando vou falar desse site que diz que vai doar alimentos para os pobres e que não sai do diz que diz. 

E tu não tens achado a internet mais lenta? Não sei. Pode ser paranóia. Mas eu acho que sim. Tu lembras daquele vírus quase inofensivo que mandava o arquivo happy99.exe para sei-lá-quantas pessoas que estavam na tua agenda de endereços eletrônicos sem que tu soubesse? Pois é, o tal vírus deu pau em vários provedores lá nos Estados Unidos. A pane aconteceu porque as mensagens atrolharam os servidores com uma movimentação fora do comum. Detalhe: o vírus só atacava o programa Outlook Express, que só roda em Windows e que nem todo mundo tem. Ou seja: o fulaninho que usava Mac, Linux, Netscape ou versões antigas do programa de mensagens eletrônicas do Bill Gates não repassava o vírus e não ajudava a congestionar a rede.

Sacou? Quer saber? A corrente do TheHungerSite é nada mais nada menos que uma versão mais sábia do tal vírus de cujo nome não me recordo. Só eu já recebi a corrente contra a fome dezessete vezes. De novo: DE-ZES-SE-TE. Onze aqui em casa (três oriundos de listas de discussões), cinco lá no serviço e uma em um Webmail que nem uso mais. Tenho certeza que também os recebeste, leitor amigo. Já o outro, o vírus de verdade, recebi apenas quatro vezes. Qual dos dois tu consideras mais perigoso?

Pois é. Palmas pra esse cara. O sujeitinho que inventou essa corrente é um gênio. Criou uma mensagem loucamente sedutora, que faz a pessoa dormir melhor se cumprir as ordens ali contidas. Pressuponho que o indivíduo que tem computador conectado à internet também tem condições de comer bem. Ou então ele trocaria o computador por um rancho no armazém. Logo, esse sujeito não é como um pivete da Etiópia. E, de repente, oferecem a esse cara a chance de salvar aquele menino esquelético que ele só viu no livro do Sebastião Salgado que estava na prateleira da livraria ou na revista Time. Ainda melhor: sem precisar tirar a bunda da cadeira nem meter a mão no bolso. Uh, maravilha: filantropia de graça. Aí ele vai na página, aperta no lugar tal e ainda manda a mensagem para os 117 endereços que ele tem na agenda, que vão fazer a mesmíssima coisa. A professora Luciana me ensinou no colégio que isso se chama Progressão Geométrica, ou PG. Tu te lembras, né? Já imaginaste o volume de mensagens que isso pode gerar? Cara, pode ser o caos. Eu não entendo tanto assim de computadores, mas uma comparação com o outro vírus me faz pensar que é isso que acontece. Sim senhor.

Entretanto, peço-te calma, querido leitor. Talvez seja só paranóia minha. [Entra em BG o tema de Arquivo X. Sobe som em 10"] Afinal, tenho certeza que aqueles latinos que sentaram na mesa do lado na hora do almoço estavam no restaurante para me espionar. Eles não tinham cara de quem gosta de tofu. E aquela kombi está parada ali há mais de um ano por alguma razão. Eles só tiraram as rodas e botaram no ferro velho para disfarçar. São os comunistas. Agora, os vermelhos querem destruir a internet. Malditos. Mas eu não vou entregar a minha casa para revolucionários sem lutar. Eu não. Nã-nani-naninha. Depois não digam que eu não avisei.

Eduardo Nasi