Nota "di menor" sobre Lolita e Alice

Por Thumber-Thumber (fotos por Charles Dodgson)

 

Nabokov ficou famoso depois de escrever "Lolita", e, assim como a própria personagem-título acabou virando sinônimo de "ninfeta", alguns leitores ingênuos passaram a pensar que também o escritor tinha um interesse mais do que literário por meninas sexualmente precoces. Na realidade, não só nada indica que o escritor tenha tido qualquer atração desse tipo, como a própria obra decepciona quem procura pornografia barata. Escrito numa prosa refinada, o livro tem poucas descrições de sexo, não menciona uma vez sequer a palavra "fuck", e oferece como melhor atrativo a narração auto-irônica e cheia de citações literárias do tragicômico Humbert-Humbert.

Por outro lado, o matemático e padre Lewis Carroll (pseudônimo de Charles Dodgson), em plena Era Vitoriana, tirava fotos de meninas e era torturado por "maus pensamentos", mas, como apenas escreveu livros de jogos matemáticos e célebres histórias infantis como "Alice no País das Maravilhas", ninguém, apesar do falso-moralismo e hipocrisia reinantes, o acusou de nada. Mas peraí, acusar do quê? O que vocês estão querendo insinuar? Vamos aos fatos:

a) Lewis Carrol tirava muitas fotos de meninas, algumas seminuas (bom, na Era Vitoriana, mostrar o ombro era estar seminua);

b) teve, por toda a vida, muitas amigas crianças, a mais famosa delas Alice Pleasance Liddell, filha de um outro padre;

c) costumava freqüentar a família de Alice Lidell e passear com a menina e as suas duas irmãs, Edith e Lorina, e, numa dessas excursões, em 1862, quando Alice tinha 10 anos, ele contou pela primeira vez a história que terminaria por se transformar no famoso livro "Alice in Wonderland";

d) as visitas continuaram até que, por motivos nunca muito bem explicados (as páginas que cobrem esse período dramático foram arrancadas dos seus diários), ele parou (ou foi forçado a parar) de visitar Alice e as meninas;

e) em 1870, ele escreveu um panfleto anônimo criticando violentamente algumas opiniões do diácono Lidell (pai de Alice);

f) ele era constantemente perseguido por "maus pensamentos" (assim ele diz no seu diário), e inclusive muitos dos jogos matemáticos que criou foi para se "distrair" de tais pensamentos;

g) consta que ele talvez tivesse proposto aos pais de Alice Lidell um casamento com ela, quando era um pouco mais velha, mas foi negado;

O que prova tudo isso? Na verdade, nada, a não ser o fato (óbvio) de que Lewis Carrol era um escritor genial, além de um excelente fotógrafo. Suas obras literárias não tem nenhum caráter sexual; as suas fotografias tampouco aparentam nenhuma intenção erótica; e é bem possível que sua amizade com Alice e outras meninas (ele não gostava de meninos) fosse totalmente inocente. É bem possível, enfim, que sejam apenas vocês, os pervertidos e delirantes leitores do Não 69, que ficam tirando conclusões e vendo maldade em tudo. Eu não sei: apenas mostro, a seguir, algumas das fotos de Charles Dodgson roubadas da Internet, ainda que fiquem meio fora de lugar neste Não pornográfico, imoral, sujo e que deveria ser proibido pelas autoridades e demais pessoas de bem.
 

As irmãs Edith, Lorina e Alice Liddell.
 
 
A mais famosa foto de Alice.
 
 
Beatrice Henley, filha de um padre.
 
 
Alice Constance, outra Alice.
 
E de volta pro Não