Os buracos de Jalusa
por Frank Jorge

O amanhecer se esclarecia em raios de sol pela janela do quarto de Jalusa e alguns destes raios atingiam em cheio a um poster do Picachu e outro das Spices Girls. Suas amigas protestavam diante do rídiculo. Uma mulher d' aquele tamanho com posters pendurados no quarto, ainda mais, um desenho de um bicho amarelão retardado feito por um japa e um grupo de farsantes tipo mulheres a granel, uma negra, uma ruiva, uma loira, uma morena, outra morena. Jalusa respondia dando de ombros, numa pausa de sua meiguice de menina Bom Conselho e se permitia, nem tô . . . vão se fudê . . . Norberto sempre acordava antes e esticava os seus braços, num espreguiçar acompanhado de relincho, algo do tipo, hhhiiiiishrrihtttttttt. Ficava por alguns instantes parado olhando pro teto, pensando em nada, lembrando de tudo, a cabeça vazia, a bexiga cheia, os pés gelados, a virilha quente, a saliva azeda, os cabelos doces de jojoba, enfim . . . Norberto fingia que acordava.

Pois foi num destes dias, esticando estes braços pela cama ( que braços ! diria Jalusa na primeira vez, toda molhada . . . toda molhada . . . molhadinha de sereno em Cidreira ), Norberto tocou então com o seu dedo indicador num dos orifícios de Jalusa e feito documentário GNT, acreditou numa antiga civilização e resolveu explorar a região. Jalusa quase não se movia, gente burra normalmente tem mais sono, e sono pesado, diga-se de passagem. Norberto, semi acordado, pensava que estava com o seu dedo num dos ouvidos de Jalusa, mas logo estranhou, o que seriam aqueles cabelinhos ?! eles espetam um pouco ?! são pequeninos e tortinhos ?! parece até chumaços de bombrilzinhos ?! mas ao redor da orelha ?! aliás por onde diabos andaria a sua orelha ?! Norberto pensou, tamanho foi o estrago da bebedeira, acabei deitando-me com Van Gogh ?! onde estaria a orelha de Jalusa ?! decididamente não havia orelha e sem se mover para olhar, prosseguiu sua exploração, reparando agora uma consistência semelhante aos lábios de Jalusa ?! passou o indicador em toda a extensão do que seria o lábio de Jalusa. reparou uma salienciazinha na parte de cima, mexeu umas duas vezes alí com a ponta do dedo e Jalusa deu uma corcoveada, uma mexida. Norberto desceu o dedo e aí não pode acreditar, o que é que este pedacinho de barbante está fazendo dentro da boca de Jalusa ?! seguiu quieto olhando para o teto, pensando, mas sua espiritualidade não era suficientemente evoluída e Norberto não resisitiu, puxou o barbante do que seria a boca de Jalusa e saiu um tarugo meio umedecido, tipo camadas de algodão inchadas e molhadas. Jalusa se mexeu novamente. Ele, confuso, mais do que de pressa, enterrou o dedo n'aquele buraco e Jalusa deu um salto dizendo : - quer fazer o favor de botar este OB no lixo e tirar o dedo da minha boceta que eu tô me mijando.

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