ITENS ENVIADOS (4)

Giba Assis Brasil

giba@portoweb.com.br

Olha só como as coisas evoluem. Começou como uma picaretagem, uma forma de garantir presença no Não sem precisar escrever nada, até porque, como eu disse na primeira tentativa, lá no Não 67, já faz tempo que "eu simplesmente não consigo mais sentar na frente do computador e pensar algo tão objetivo ou tão pouco objetivo como "tenho que escrever pro Não". A partir daí já foram três edições, vários (tá bom, alguns) comentários de leitores, alguns imitadores (Sartre não conta), a proposta do Jorge de lançar uma seção fixa no Não pra que os leitores mandem seus imêios, a proposta do Gerbase (como tem proposta esse pessoal hein?) de que eu passe a publicar os "itens recebidos" em vez dos enviados. E, enfim, chegamos ao final do milênio (a não ser pra quem aceitou o lobby dos fogos Caramuru no ano passado) e o que é hoje essa gloriosa quarta seleção dos meus "Itens enviados"? Claro, uma picaretagem, uma forma de garantir presença no Não sem precisar escrever nada. Nem todas as coisas evoluem com a mesma velocidade.

Ah, agradeço antecipadamente aos destinatários originais das mensagens por terem gentilmente (ainda que involuntariamente) cedido sua parcela na construção destes microtextos ou quase isso, e peço desculpas por qualquer eventual apropriação indébita de confidências. Mas o Não é pra isso mesmo. Ou não.
 
 

para Marcelo Fleury 03/08/2000

"Undisclosed recipients" é como o Outlook identifica qualquer listagem de destinatários ocultos. Aliás, a palavra "undisclosed" não existe no meu "Michaelis", e deve ser uma piada de algum desses guris que desenvolvem software: "closed" é fechado, "disclosed" deve ser aberto, mas "undisclosed" será o quê? Fechado de novo? Indo por este caminho, dá pra concluir que "antinonexdescontraundisclosed" seria algo "aberto pela quarta vez consecutiva, apesar da insistência de quem insiste em fechar".

para Lisie Ane Santos 13/12/2000

Acho que tu não percebeste por que exatamente a Márcia deu pro Teodoro. Acha mesmo que foi porque "não tinha nada melhor pra fazer"? Logo a Maitê? Bom, não te preocupa que eu acho que 99% do público não percebe isso mesmo. Mas, depois que tu entende por que ela voltou a dar pro cara (a camisinha, o esperma, etc.), se tu assisitir o filme de novo, vai entender. Porque, quando tu revê a cena entre a Márcia e o Teodoro no hotel, lá bem no início do filme, já sabendo quem é a Márcia, aí a coisa fica clara. O cara chega poucas horas antes da audiência final e quer mudar o combinado, quer contar "o que aconteceu de verdade". Ela sabe que esse tipo de tática não vai funcionar, e sabe que a estratégia dela é a correta. Mas o cara é um camponês burro, teimoso, e tá querendo pôr tudo a perder. Ela só precisa que o cara confie nela, o que não tá fácil no momento. Mas eles tão no quarto do hotel, ainda falta mais de uma hora pra audiência, e ela confia no próprio taco. Ora, a Márcia deu pro Teodoro pra ganhar a causa, pra se dar bem profissionalmente! Só que isso ela não tem coragem de assumir nem pro Júlio. Nem pra si própria. Um belo personagem, não acha?

para Alexandra Bicca 23/08/2000

Colisão de horários eu não autorizo. Seria o mesmo que declarar que as minhas aulas não precisam ser assistidas. Talvez não precisem mesmo. Mas eu ganho muito pouco pra dar aula. Muito pouco mesmo. O dia em que eu acreditar que as minhas aulas não fazem diferença, não vou ter mais nenhum motivo pra continuar dando aula. Ainda não é o caso.

para a diretoria da APTC 20/10/2000

Muito difícil, com os meus 15 minutos diários dedicados à correspondência (sobram 45 minutos pro almoço, 30 pra janta, 15 pro café da manhã, 15 pro banho, 4 horas de sono e 18 de trabalho, sem contar no tempo que eu levo pra fazer estas contas), ler (que dirá responder) toda essa quantidade de mensagens. Mas vamos lá.

para Arthur de Faria 12/04/2000

Ouvi o quê? Música pra Gente Grande, presenteado pelo Alvaro no dia dos meus 40 (ou 41?) anos, há nem tanto tempo assim. "Você acha realmente que podemos ser amigos?" "Tu e eu", original LFV, que, vi pelo "Lerina Foutaises", V.S. acabou de andar recriando. E aquela versão cool do Ouro de tolo. Meus favoritos. Não sesse a viadagem do papel reciclado e aquela caixinha toda cheia de nove-horas, seria realmente pra grande gente.

para João Carlos Barê Junqueira 10/05/2000

Esses dias o Gerbase tava querendo me gozar, "porque vocês quase caíram pra segunda divisão", aí eu falei: "Não, peraí! QUASE grávido, QUASE viado e QUASE segunda divisão não existe." E ele ficou bem quietinho.

para Bia Werther 25/03/2000

Tua defesa do curta-metragem na Cinema Brasil foi emocionante. Fiquei tão contente que até te perdoei ter cortado na última hora a minha participação no teu filme (na verdade, eu tava tão cansado aquele dia que foi um alívio, mas eu tenho que manter a minha fama de mau). Agora espero pra ver o "Suco de tomate", com polpa, alho e cebola cortada bem fininha, como deve ser. Em Gramado, quem sabe?

para Ana Lúcia do Camp 04/05/2000

Recebi a mensagem, meu endereço continua o mesmo. Só tem um detalhe: eu não abro anexos DOC (ou EXE ou XLS) de jeito nenhum, mesmo que tenham sido enviados pela minha mãe (que, felizmente, não está conectada, um problema a menos). Já passei vários fins de semana da minha vida limpando vírus do meu computador, e não recomendo a experiência nem pro Busato. Portanto, apaguei sem ler, e vou continuar apagando, a não ser que vocês adotem a norma internacionalmente aceita pela "netiqueta" de só enviar textos em TXT (que são mais curtos) ou em RTF (que mantém a formatação original) ou ainda dentro do corpo da mensagem - nenhum desses três sistemas tem qualquer risco de transmitir vírus. E depois, por que usar o único formato que, além de carregar junto consigo informações executáveis como macros (e portanto com risco de vírus), tem que pagar royalties pro Bill Gates?

para Carolina Cimenti 20/05/2000

Acho que, por trás do "não quis deixar passar", tinha um "vem cá, esqueceu de mim?" ou quem sabe um "não vai mesmo responder a mensagem que eu mandei em dezembro?" Bom, se não tinha, devia ter. Afinal, onde já se viu levar mais de três meses pra responder uma mensagem cujo título era "posso fazer uma pergunta?" e que continha apenas isso, uma pergunta, tão simples? Pois é.

Primeiro, é claro, eu estou muito muito muito atarefado (ia dizer "atrolhado", mas "atarefado" soou mais sério). Depois, meu computador pifou e eu perdi todas as mensagens do dia 9 de dezembro. Logo em seguida, morreram várias pessoas da minha família. Então, caiu um piano em cima do meu dedo, me impedindo de escrever durante um mês e meio. Por último, pô, a tua pergunta não era simples coisa nenhuma!

para Clarah Averbuck 06/04/2000

Um dia (não faz tanto tempo assim) eu tava entre várias pessoas, e uma delas (não interessa quem) começou a sugerir que talvez estivesse esboçando um movimento para falar mal do Verissimo. Antes que o papo fosse adiante, eu falei (eu não tinha formulado antes, mas juro que foi bem assim que saiu, um daqueles raros momentos em que a gente diz o que mais tarde acha que realmente deveria ter dito): Tem algumas pessoas, bem poucas, que eu admiro pelo que elas fazem. Tem outras, menos ainda, que eu admiro pelo que elas são. E tem o Luis Fernando Verissimo.

para a diretoria da APTC 13/11/2000

(Agora me lembrei de uma história: o Jorge, que é o número 007 da APTC, sempre disse que este número significava "licença para matar assembléias gerais". Ora, qualquer leitor de Ian Fleming sabe que a tal "licença" se aplica a todos os agentes com o "duplo zero" no início do número. O 001 (Barragan) e o 002 (Tony Rabatoni) já morreram, o 003 (Christian Lesage) mora em São Paulo e eu sou o 004. Então, com licença.)

para Cleide Fayad 06/05/2000

Telefone, telefone, telefone... Não estou conseguindo ligar o nome à pessoa... Te-le-fo-ne? Ah, já sei! É aquele aparelho que a gente liga do lado do computador, pra poder mandar os imêios, né não?