Editorial Rabugento
por Giba Assis Brasil

Deveríamos estar comemorando um ano de Não na internéti. Mas deveríamos quem, cara pálida? Afinal, de quem foi a idéia de restaurar o velho órgão da imprensa mais que alternativa e colocá-lo ao alcance dos leitores do admirável mundo neo, sem no entanto abrir mão da sua radicalidade e dos resultados dos jogos de Testão? Tá bom, vá lá, esquece os resultados, ninguém mais joga Testão mesmo. E que radicalidade é essa, afinal de contas? Alguém ainda lembra pra que serve o Não?

Um ano se passou, nós todos fizemos cursos rápidos de HTML por correspondência, aprendemos a fazer daunlôudi e aplôuidi, chegamos a entender o que o Explorer quer dizer quando ele avisa que está "localizando o local", conseguimos colocar no ar nada menos que 8 números deste jornal virtual - cada vez menos jornal e cada vez mais virtual, diga-se de passagem -, descobrimos novos talentos e novas faltas de talento pra se somarem aos nossos e às nossas, mas na verdade nenhum dos nossos objetivos de curto prazo foram atingidos.

A internéti não se tornou um meio de comunicação ao alcance das massas trabalhadoras, o Windows ainda trava no mundo inteiro, nossas polêmicas com a nova geração não nos renderam sequer um soco do Cristiano Zanella, o Antônio Carlos Magalhães não só continua dando entrevistas como foi reeleito, as crianças ainda saem do terceiro ano primário sem garantia de emprego, Porto Alegre continua a 1100 quilômetros de São Paulo e a 490 quilômetros de Florianópolis, e o que é pior (né, Foguinho?): NINGUÉM ME CHAMA DE SENHOR EDITOR!!!

Em vista disso, tínhamos resolvido ignorar solenemente a data, e até providenciamos o bombardeio de Bagdá pra desviar a atenção de um ou outro leitor mais atilado. Infelizmente, os Tomahawk mais uma vez nos surpreenderam. Saddam Hussein acaba de informar que entrega os pontos, aceita o resultado das urnas antiaéreas e inclusive está disposto a comandar o processo de transição para a nova ordem mundial sustentada, desde que os generais do Pentágono marquem encontros individuais no sofá do doutor Vicente Bogo, e que não sejam permitidas a quebra de siglo bancário e o beijo na boca.

Enfim, taí o Não 60. Divirtam-se enquanto podem.

Giba Assis Brasil

Ah, já ia me esquecendo: este editorial se completa com a elegia do Miguel, NÃO SE LÊ.