Do início ao mail

por Clarah Averbuck

Fecha a porta. Fecha a janela. Fecha a boca e me escuta um pouco. Baixa a guarda, tenta não comprar briga, ainda não foi o suficiente? Eu cansei. Agora vou responder a todas tuas ofensas com sorrisos e tranformar todas as flechas em flores. Vou te desarmar até você desistir de tentar me agredir. Você me atinge simplesmente respirando, não precisa atirar só pra me ver sangrar. E eu sei que te atinjo também, não adianta negar, eu vi, eu sei e eu sinto. Não adianta nem gritar, como você sempre faz. A única resposta vai ser meu silêncio. Sabemos, ambos, que é verdade, e que ainda não terminou. E por mais que tentemos, não termina até chegar ao fim, e nós paramos na metade. É, eu também não queria que fosse assim. Queria poder te apagar e começar de novo, de longe, sem duelos. Sem egos, sem gritos, sem choro, sem brigas de maternal. Sem nada além do que flui, sem teus morros e monstros no caminho. Teus, porque os meus viraram anjinhos. Todos temos motivos, darling, mas chega de guerra. Agora vou transformar toda a revolta em perfume, toda a agressão em veludo, toda a mágoa em doce e toda o rancor em música. Eu sei que são tentativas de demostrar o que sente, explosões de carinho em forma de violência, mas isso acabou. Fecha a porta. Fecha a janela. Fecha os olhos e espera. Um dia melhora. Paz.

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