Parabéns, Zero Hora

de Paulo Cezar da Rosa

No domingo, 5 de setembro, o jornal Zero Hora e a RBS fizeram um gol de placa. Não foi por causa da chamada a respeito da criminalidade no estado. Não! Aquela chamada foi só mais um episódio na campanha infamante que ZH move contra o Bisol. Nada a ver também com a vaia encomendada ao Olívio na Expointer. Tudo isso são coisas conhecidas, velhas, que têm as concordâncias e discordâncias de sempre. O que a Zero Hora fez tem uma importância muito maior, talvez decisiva para nossos destinos. Ela apresentou aos gaúchos seu mais novo colunista aos domingos, um senhor chamado Luiz Inácio Lula da Silva.

Nós lutamos há 20 anos contra o monopólio das comunicações praticado pela RBS no Estado. Conseguimos, a duras penas, impor-lhe algumas derrotas -dentre as quais a vitória do Lula contra FHC por duas vezes seguidas-, e aos poucos fazer ver a sociedade gaúcha que a Zero Hora expressa e defende uma opinião e interesses particulares. No fundo, durante duas décadas, disputamos com a RBS e seus aliados as bandeiras da democracia, da moralidade pública, da competência administrativa.... E agora, justo agora que as coisas se encaminhavam para uma redefinição de posições -nós a favor e a ZH contra-, que começava a ficar evidente o discurso fundamentalista e sectário da RBS contra o PT, a Zero Hora contrata o presidente de honra do partido como seu articulista.

A conclusão óbvia é que "tudo o que dissemos até hoje a respeito da ZH estava errado. ZH é o jornal mais democrático do estado. É ele o portador da bandeira da democracia verdadeira, que não olha cores partidárias".

Afastando como impraticável e inócua minha vontade de declarar a independência gaúcha frente ao Brasil, é de registrar que a coluna será exclusiva. Fosse ela distribuída para todo o país, ou mesmo vendida a quem tivesse interesse em divulgar também a opinião do PT, a presença do Lula na Zero Hora dominical seria compreensível. Mas não! Os textos "lulísticos" serão exclusivos e -cá prá nós-uma bosta. Eu não consegui ler a tal coluna até o fim, e duvido que alguém o tenha feito sem um esforço sobre-humano.

De qualquer modo, não era mesmo para ser lida que ela estava ali, mas para sustentar a sua autoria.

Parabéns, Zero Hora. No que me diz respeito, ofereço aqui minha autocrítica. Vocês são muito mais competentes do que eu imaginava. Parabéns!