A BANANA
por Dorian Wild

 

Tavinho saiu cansado da aula de Educação Física. Enquanto os outros alunos voltavam para a sala, para uma aula de Biologia, ele resolveu ficar no ginásio do colégio. Pegou sua mochila, guardou a roupa e foi embora.

Na parada de ônibus, um carro, um jipão importado, com um nome indígena desconexo, estacionou:

- Tavinho! Já fechou a secretaria?

Era a mãe da Claudinha, namorada dele.
- Já, por quê?

- Ah! É que eu queria avisar porque a Claudinha faltou a aula. Quer ir lá em casa ver como ela está?

- Vamulá!

A mãe da Claudinha tinha os seus trinta e cinco anos e se vestia como uma executiva liberada, quase esportivamente. Era uma balzaquiana no auge, se é que o Balzac realmente comeu alguém que prestasse, quem sabe um frango assado. Dizem que ele escrevia três dias sem parar, só tomando café preto. Tavinho não estava interessado em café, muito menos preto, mas cada movimento de pernas da motorista em uma troca de embreagens fazia com que a pressão sangüínea seguisse o fluxo normal da gravidade e insuflasse algo dentro de seu abrigo azul.
Entraram na garagem do edifício, passaram pela guarita do guarda, e subiram pelo elevador.

- Tavinho, fica à vontade que eu vou trocar de roupa. Tu sabe onde fica o quarto da Claudinha.

- Tá!

Claudinha estava deitada, embaixo de um lençol rosa, na cama, suando e delirando:

- Não! A prova é semana que vem, mãe! Troca de canal, porra! Não enche sua puta! Eu não transei com ele!

- E aí, Tavinho?

Era a mãe da Claudinha, banho tomado, cheirando a sabonete, só de camiseta.

- Vamos lá na cozinha, que eu tenho que preparar um chazinho pra essa guria. Tem que passar essa febre. "Falta de homem." Pensou a mãe de Claudinha, sem deixar transparecer para Tavinho o que realmente passava pela sua mente.

- É, Tem que passar. Respondeu Tavinho, colocando as mãos no bolso, para tentar controlar seu pau. "Fica quieto aí embaixo, ô palhaço! Fica na tua, velho!" Pensava, sem prestar atenção no que estava fazendo.

A cozinha era espaçosa, dessas que se vê em filme de americano branquelo WASP. Mesa grande no centro, armários e barzinho, fornos microondas, microtudo, geladeiras, freezers, todo tipo de lixo eletro-eletrônico que pode ser colocado dentro de uma cozinha. Enquanto colocava um saquinho de chá de laranjeira numa xícara com água quente, a mãe de Claudinha comia uma banana.

- Tavinho, não quer provar nada?

- Não, senhora. Obrigado.

- Que senhora, que nada! Agora, a mãe da Claudinha jogava a perna sobre as costas do guri, que, inconscientemente, descontrolado e assustado, se desequilibrava e os dois caíam no chão.

Ela agarrou Tavinho pelos cabelos e sugou sua boca, mordendo sua língua. Tavinho berrou. A mordida o excitava ainda mais. O gosto de sangue. Levantou a camisa e começou a chupar todo o corpo daquela ensandecida, que num suspiro angustiante, pediu:

- A banana! A banana!

Tavinho alcançou a fruta e ela descascou a banana e enfiou na sua vagina, deixando apenas uma ponta para fora, e não era uma nanica, e falou, gemendo:

- Come, come, filho-duma-puta!

Tavinho se atirou e começou a comer a banana, que se mexia com o contorcionismo que a mãe da Claudinha fazia. A banana escorria, salivada, suada, pelo queixo do Tavinho. Os pêlos pubianos, a banana, Tavinho engolia tudo. De uma vez, conseguiu puxar o resto da banana, entre gritos de gozo esbaforidos da mãe da outra, quando ouviu uma voz, vindo do lado da porta, e se virou, ajoelhado, com o pedaço de banana na boca.

- Mãe! Mãe!

Era a Claudinha, que ao ver a cena decamerônica, sentiu uma tontura e desmaiou.

A banana caiu no chão, e Tavinho pisou em cima. A mãe da Claudinha vestiu a camiseta e foi carregar a filha até o quarto. Tavinho tomou água da pia e foi no banheiro se lavar. Tinha se acabado nas calças.

Depois, saiu correndo, sem se despedir.

Claudinha ainda acredita que tudo não passou de um delírio febril. Um pesadelo em 3D. Sua mãe continua caçando nas portas de colégio e Tavinho não mata mais aulas de Biologia. Pretende estudar um pouco mais. A Fauna. E a Flora.

 

Mete a banana bem aqui e volta pro NÃO