TROCIFESTO

por Albert Siedler, Ariela Boaventura e Gaby Benedyct

Chegou o final dos tempos.

É preciso recriar um novo modo de ver o mundo. Os olhos estão saturados de imagem e a vida perdeu o sentido ante o universo de múltipla escolha. O sujeito tornou-se bovino, paralisado por estímulos hipnóticos, informativos, comunitários, feitos exclusivamente para você. O mundo tornou-se um drama do qual ninguém faz parte.

As legitimações são falsas. O poder é uma matriz gasosa. O Estado deixou de cumprir seu papel. As sociedades estão atiradas ao azar e as existências, subjugadas a interesses comerciais. Royalties e licenças aprisionaram a criatividade; ficamos viciados em interfaces amigáveis. A tecnologia só liberta quando pensada critica e ideologicamente. Aplicaremos a tecnologia a propósitos para os quais ela não foi planejada.

Nasceu o ambiente reativo, base de uma nova mídia estética, que se apóia sobre a interação em tempo real entre homem e máquina.

O fim do sujeito singularizado deu à luz ao caroço do Troço, vida ímpar, híbrida e livre das identidades e dos sistemas de controle, aberto a participações e intervenções.

Mimimi, Nonono & Etc. é um Troço cujo caroço é formado por uma tríade. O objetivo é ser. Ser livre de amarras técnicas para expressar idéias e formas em qualquer tipo de substrato, sem compromisso com padrões estéticos, históricos, políticos ou de qualquer ordem.

Buscamos a expressão como forma de superação e de reestruturação subjetiva, além da técnica, além da arte, além de nós mesmos, rumo ao desconhecido.

Do caroço nasce o Troço.

O Troço é vivo.

O Troço é empírico e utiliza a cibernética fisicamente.

O Troço propõe e oferece; o Troço manifesta.

O Troço não é contra: resiste.

O Troço é indefinível.

O Troço é entropia, pois é do caos que o novo emerge.

O tempo acabou. O futuro foi ontem. O Troço está fora do tempo.

Diluímos as premissas básicas: é a era do distúrbio.


Albert Siedler Ariela Boaventura Gaby Benedyct

Porto Alegre, 3-2008

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